Primeiramente porque a palavra EXCELÊNCIA, assim como a palavra QUALIDADE, foram “banalizadas” ao longo do tempo. Os exemplos de “excelência” que foram disponibilizados estão muito distantes do que realmente ela deveria retratar e a palavra “qualidade” já pede socorro faz tempo, uma vez que o termo “gestão DA qualidade” é bem diferente do termo “gestão DE qualidade” ou ainda do termo “qualidade DA gestão”.

Na verdade tanto a palavra “excelência” como a palavra “qualidade” vinham acompanhadas da palavra “gestão”, entretanto, dependendo da forma com que são grafadas, gera significados bem distintos, ou seja, nem sempre se caracterizam como adjetivos. Se grafarmos “gestão DA qualidade” fica evidente que qualidade não tem sentido de adjetivo, trata-se da “gestão” de uma determinada “qualidade” (substantivo), seja ela qual for (bom ou ruim ou mais ou menos, foco das normas ISO série 9.000, por exemplo). Se grafarmos “gestão DE qualidade” ou ainda “qualidade DA gestão”, aí o sentido melhora, pois a qualidade fica explicitada como um adjetivo da gestão, que é e sempre foi mais do que a ISO série 9.000 sempre propôs. O que queremos melhorar ou caracterizar como “estado da arte” é a GESTÃO das organizações, que precisava (e ainda precisa) ser adjetivada de forma diferente.

O termo “qualidade” e os chamados “profissionais da qualidade”, como são chamados aqueles que cuidam deste tema nas empresas (uma erro crasso, pois não deveria haver pessoas específicas que cuidassem da qualidade, uma vez que este termo seria um adjetivo, portanto pertinente a qualquer membro da força de trabalho), foram muito bem preparados na academia e por meio de cursos específicos, mas valorizaram demais esta expertise criando sua própria linguagem, o famigerado “QUALITES”, uma língua particular somente compreendida pelo “pessoal da qualidade”. Uma pena, pois esta circunstância trouxe uma grande antipatia com relação a este profissionais, sendo caracterizados como “um mal necessário”, com poucos recursos financeiros previstos no budget (o mínimo possível para atender ao auditor das empresas certificadoras) e substituindo a alta direção para assuntos relacionados a qualidade e não os representando, como deveriam ser considerados.

Enfim, por estas e outras, não gosto mais de utilizar o termo “qualidade” como adjetivador da gestão, pois caiu num conceito de “mesmice” que não representa a necessidade da gestão profissional. Depois veio a palavra “excelência” da gestão, numa intenção legítima de adjetivação mais sofisticada que funcionou por algum tempo, mas também caiu no mesma circunstância de descrédito (minha opinião), pois foi utilizada como argumento de reconhecimento (por meio de prêmios) às empresas que implementavam o que chamaram de CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA. Estas implementações deste critérios aconteciam nas organizações que a adotavam (parecida com o movimento de certificação), de forma não prescritiva, e eram avaliadas e validadas por profissionais experientes e especialistas nos CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA quanto a seu grau de maturidade. O grande problema é que um BANCA DE JUÍZES, depois de avaliar os graus de maturidade de implementação da excelência, gerado pelos especialistas nos CRITÉRIOS, decidia RECONHECER esta ou aquela empresa com troféus e outros tipos de menção honrosa. O resultado foi reconhecer empresas que estavam figurando como campeões do RECLAME AQUI, empresas que foram caracterizadas como fraudulentas (e até foco de grandes esquemas de corrupção), empresas que tiveram sérios problemas ambientais e empresas com clara imagem ruim dentre os clientes reais e potenciais.

Desta forma reconhecer empresas que fizeram, mesmo que eu graus de maturidade diferentes, a “excelência da gestão”, na minha percepção, foi um grande erro, e continua sendo, infelizmente.

Surge então minha iniciativa e proposta de trazer uma palavra nova a baila da adjetivação da gestão. Refiro-me a palavra “PRIMAZIA”. O termo PRIMAZIA guarda conceitos muito mais amplos que a simples excelência (que está contida dentre suas abordagens, sem se limitar a ela). Esta palavra tem 26 sinônimos subdivididos em 4 grandes famílias de que significam conceitos relevantes que precisamos considerar com mais ênfase, a saber:

  • Conceito de PRIORIDADE: ou a adjetivação da gestão é uma prioridade para a alta direção ou é um engodo que não podemos fazer “vista grossa”, ou seja, não podem haver representantes ou substitutos desta adjetivação, é uma pauta de todos os membros da força de trabalho, sem qualquer exceção;
  • Conceito de PERFEIÇÃO: o que precisamos avaliar nas organizações não é o estágio de maturidade de sua gestão e reconhecer (ato indelegável e restrito somente as partes interessadas e a ninguém mais) e sim o nível de completude de suas implementações levando em conta o que estou chamando de REPG – Referenciais de Exemplaridade da Primazia da Gestão, sem reconhecer nada nem ninguém, apenas informando a organização que se submeteu a uma avaliação sistemática o seu escore e publicando este escore numa plataforma que a permita comparar-se com outras organizações assemelhadas;
  • Conceito de PREDOMÍNIO: a gestão precisa ser caracterizada como tema preponderante e supremo nas pautas das decisões mais estratégicas de forma que a vaidade dos “doninhos” ou “presidentinhos” estejam colocadas de lado. Esta adjetivação valoriza que a “gestão” substitua o “gestor”, pois se somente os gestores são responsabilizados pela adjetivação da gestão, está aí a prova cabal de que a gestão ainda sequer existe de forma estruturada;
  • Conceito de RIVALIDADE: é fundamental que as organizações se comparem com outras, semelhantes ou completamente diferentes, mas com processos cuja comparação seja pertinente, de forma que não se limite apenas a estabelecer e bater (ou não) suas próprias metas (as vezes definidas de forma bastante questionável) e considerar práticas de benchmarking considerando não somente o famigerado PDCA, mas também o PDSA e o PDCSL. Ter os escores divulgado, omitindo os nomes das empresas, fornecerá uma possibilidade da empresa se enquadrar numa determinada posição dentre as demais e conduzir suas práticas de melhoria e inovação que considerar pertinente e prioritário.

Se PRIMAZIA guarda todos estes significados, nada melhor do que adotá-la, mesmo que não seja tão comum e até um pouco difícil de utilizar. Assumirei este risco e a partir de agora (início da nova década) estarei focado em definir e publicar quais são os “Referenciais de Exemplaridade da Primazia da Gestão” (REPG), especialmente para o setor público que é nossa especialidade, e de construir e publicar o “Método de Avaliação da Completude da Primazia da Gestão” (MACPG). Conheça nosso curso que capacitará profissionais nestas temáticas para atuar como “Auto-Implementadores da Primazia da Gestão”, como “Diagnosticadores da Primazia da Gestão” e como “Consultores Credenciados da Gauss no REPG”.