O ICMCI (International Council of Management Consulting Institutes) e o IBCO (Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização), perna do ICMCI no Brasil há bastante tempo, sugeria oficialmente o dia 26/06 como o Dia Internacional do Consultor de Organizações. Mais recentemente foi redefinido, pelo mesmo ICMCI, que a comemoração seria na primeira quinta-feira do mês de junho de cada ano. Esta data parece ter sido definida sem nenhuma origem ou causa pontual. Ou simplesmente desconheço sua explicação.

Há aqueles que recorrem a Santa Catarina de Siena, uma santa que foi uma das primeiras consultoras profissionais da história, tendo como cliente, a Igreja Católica. Seu trabalho de consultoria, realizado em 1376, foi fundamental para que o Papa decidisse levar a sede da igreja à Roma (aonde continua até hoje). Para àqueles que adotam este referencial para comemorar o Dia Internacional do Consultor de Organizações, a melhor data seria 29/04 (de 1380, data de sua morte) pois ela é considerada a Padroeira dos Consultores.

Cada vez mais os Consultores de Organização, principalmente os Consultores Profissionais são aqueles a quem chamo de “médicos” ou “personal trainers” das pessoas jurídicas (empresas). São “médicos” quando atuam em organizações com alguma patologia (mais ou menos graves) e podem ser considerados “personal trainers” quando atuam em organizações que desejam primazia em sua gestão, muito mais, portanto, do que a mera ausência de doenças.

Infelizmente, muitas empresas, empresários e empreendedores ainda desconhecem a importância da atividade de Consultoria Organizacional, principalmente em relação aos desafios que o século XXI vai nos impor (ou já está nos impondo). Este artigo tem a intenção de explicar alguns fundamentos desta atividade tão importante para o desenvolvimento das organizações de nosso país.

Minha história de vida profissional sempre teve conexão com o exercício de uma destas atribuições. Mesmo quando eu ainda atuava como CLT no mercado corporativo (de 1981 até 1990), eu sempre tive funções muito assemelhadas as atividades de auditoria e/ou assessoria e/ou consultoria. Embora estes conceitos soem, para muitos, como sinônimos, eles tem significados bem distintos.

O que é Auditoria Organizacional

A Auditoria é um modelo de ajuda organizacional conduzido por profissionais especializados que executam comparações entre o que é feito na empresa (tarefas, atividades e entregáveis, executadas pela força de trabalho) com o que deveria ser feito na mesma empresa (definidos por meio das normas, leis, diretrizes, regulamentos, portarias, procedimentos documentados, etc.).

O fundamento que justifica uma auditoria é a constante dúvida entre o que é feito e o que deveria ser feito. A função de qualquer auditoria é registrar e reportar (ao cliente da auditoria) quaisquer desvios encontrados entre o fato e a diretriz/ordem expressa.

Exatamente por isto é que não convém que empresas especializadas em Auditorias atuem também nas atividades de Assessoria e/ou Consultoria. Esta pode configurar, na grande maioria das vezes, como conflito de interesse. Um auditor poderia ter interesse em diagnosticar desvios que ele mesmo pudesse resolver com suas atividades de assessoria e/ou consultoria. Em muitas legislações esta mistura é proibida por lei.

O que é Assessoria Organizacional

A Assessoria é outro modelo de ajuda organizacional que executa demandas que a empresa não sabe executar, ou não quer ou não tem tempo para executar com energia de sua própria força de trabalho. Daí podemos dividi-la em duas categorias:

  • Assessoria não especializada: é aquela demanda de execução, previamente estabelecida, e que o contratante sabe fazer, mas não prioriza tempo ou energia para executar com seus próprios recursos humanos. Exemplo: quando eu contrato alguém para fazer faxina na minha casa, mas eu me considero apto o suficiente para fazê-lo, entretanto não desejo priorizar meu tempo para tanto ou simplesmente não quero executar a tal faxina, delegando a mesma para alguém que se disponha a esta execução a partir das minhas orientações claras e cuja metodologia de trabalho eu (contratante) defino;
  • Assessoria especializada: é aquela demanda de execução, previamente estabelecida, e que o contratante não sabe fazer, ou seja, ele precisa de alguém para submeter-se a execução conforme sua (do contratado) metodologia de trabalho. Exemplo: quando eu contrato alguém para implementar a ISO 9000, pois eu desconheço como fazer isto sozinho e aceito me submeter a metodologia de implementação do contratado.

Perceba aqui que a diferença básica é que na assessoria especializada a metodologia de trabalho empregada é a que o contratado oferece e a contratante se submete ao mesmo pois desconhece como fazer.

Já a consultoria não especializada, mesmo que o contratado se considere um especialista naquela execução, ele abre mão de sua metodologia de trabalho para simplesmente executar conforme as diretrizes da empresa contratante, que entende que saiba fazer aquela demanda, mas quer apenas alguém que a execute conforme suas próprias orientações. Portanto não requer nenhuma especialidade.

Perceba aqui um outro detalhe importante. A demanda para serviços de assessoria (seja ela especializada ou não especializada) já foi definida pelo contratante, independentemente de sua capacidade de diagnosticar corretamente os problemas organizacionais mais emergenciais. Na assessoria, o contratante simplesmente executa a demanda e não tem capacidade ou mesmo permissão para questionar a sua pertinência ou prioridade.

O que é Consultoria Organizacional

A principal característica que difere a Assessoria da Consultoria é que a primeira é contratada por demanda, ou seja, uma empresa sabe (ou acha que sabe) exatamente o que precisa (ou acha que precisa) e, a partir desta convicção, procura assessores/assessorias para executar aquilo que foi decidido.

A Consultoria é um pouco mais complexa, pois requer um nível de competências um pouco mais apurado. A atividade de Consultoria consiste em ser capaz de diagnosticar problemas ou lacunas de gestão, para, depois de um diagnóstico exploratório, propor projetos de intervenção organizacional mais específicos, alguns com competências disponíveis dentro da própria organização e outros que exigirão as assessorias especializadas para serem executadas.

Todo Consultor ou empresa de Consultoria deve ter metodologias e referenciais de exemplaridade disponíveis para executar diagnósticos exploratórios, diagnósticos estes que fornecerão uma lista de virtudes e outra lista de oportunidade de intervenção para melhoria, refinamento ou transformação organizacional.

Após estas listas serem consentidas, segue-se então para as ações de execução dos projetos criados, onde entram as atividades de assessorias em campo, que podem também estar disponíveis na mesma empresa de consultoria ou no mesmo consultor que fez o diagnóstico exploratório.

Portanto toda empresa de Consultoria Organizacional ou todo Consultor Profissional deve ter competências de assessoria especializada a oferecer, com foco na execução de projetos de intervenção futuros ou decorrentes do diagnóstico exploratório. Mas nem toda empresa de Assessoria Organizacional ou Assessor Profissional precisa ter competências para realizar diagnósticos exploratório amplos e abrangendo toda as temáticas da primazia de gestão de uma organização.

Tipos de Consultoria Organizacional

Pela minha experiência neste mercado da ajuda organizacional (desde 1990), existem três tipos diferentes de Projetos de Intervenção que decorrem de consultoria e que necessitam de assessorias especializadas, a saber:

  • A Solucionadora: Aquela que se propõe a estudar um problema diagnosticado e que participará do processo de solução daquele problema por meio de mentoria com eventual criação de ferramentas pertinentes que, quando manipuladas, oferecem parâmetros que solucionam o referido problema. O grande questionamento aqui é que este tipo gera uma dependência do consultor ou consultoria, ou seja, quando ele sai deste processo de mentoria a empresa fica acéfala;
  • A Tecnológica: Aquela ligada a centros de pesquisa vinculados a universidades e institutos de ponta na pesquisa científica e é normalmente desenvolvida por cientistas com forte vínculo acadêmico. Dedicam-se anos para atingir resultados substanciais além de recursos laboratoriais extremamente sofisticados e de infraestrutura caríssimas, exigindo o envolvimento do governo de países para subsidiá-las ou até pertencem efetivamente ao estado;
  • A Instrumental: Aquela que não visa somente resolver os problemas das organizações por meio de ferramentas pertinentes, mas em oportunizar instrumentação adequada que seja capaz de gerar aprendizado organizacional, como um organismo vivo e inteligente. Neste tipo, o esforço é exemplificar a aplicação de metodologias pertinentes aos problemas diagnosticados com foco na capacidade da organização auto conduzir a sua posterior continuidade, sem gerar dependência do Consultor ou da Consultoria.

Como a Gauss se posiciona em relação a estes conceitos

Em nosso episódio #27 do programa semanal REPGINAR (acesse a playlist do programa), nossos comentaristas bateram um papo bem humorado e bastante elucidativo sobre o tema O papel das Consultorias Organizacionais como agentes de Inovação e da Primazia da Gestão que vale a pena ser assistido:

 

Infelizmente ainda existem mais consultores por falta de opção do que por opção. Eu particularmente posso dizer de “boca cheia” que vivo exclusivamente e especificamente desta atividade desde 1990. Neste momento (setembro de 2022) são mais de 32 anos dedicados a isto. E sem depender de nenhuma agência ou outra empresa para comercializar nossos serviços ou especialidades. Uma honra poder contribuir com as organizações que confiaram e ainda continuam confiando em nosso capacidade de agregar-lhes valor.

Nossa posição está explicitada em nosso Manifesto e declara, em seu item 3, que somos uma empresa de Treinamento, Consultoria Instrumental e Assessoria Especializada na busca da Primazia da Gestão por meio dos REPG – Referenciais de Exemplaridade da Primazia da Gestão, preponderantemente em empresas que prestam Serviços ao Público. Nossa empresa está posicionada para:

Capacitar agentes de transformação (consultores organizacionais e membros da própria liderança das organizações) a fazer o ADPS – Autodiagnóstico Preliminar Simplificado da Primazia da Gestão e o DCPG – Diagnóstico de Completude da Primazia da Gestão, com vistas a adotar e implementar os REPG – Referenciais de Exemplaridade da Primazia da Gestão por meio de Projetos de Intervenção nos fragmentos dos REPG dos quais somos detentores de metodologias próprias e exclusivas.

Adm. M. SC. Orlando Pavani Júnior