CAPITAO_KIRK

Cinco lições que o Capitão Kirk (série Jornada nas Estrelas / Star Trek) pode nos dar sobre Gestão Organizacional (texto adaptado por Orlando Pavani Júnior da Revista Forbes)

Capitão James Tiberius Kirk é um dos capitães mais famosos da história da Frota Estelar. Há uma boa razão para isso. Ele salvou o planeta Terra várias vezes, parou o Doomsday Machine, ajudou a negociar a paz com o Império Klingon, manteve o equilíbrio de poder entre a Federação e o Império Romulano, e ainda conseguiu lutar contra os nazistas. Em sua missão de cinco anos comandando o U.S.S. Enterprise, bem como os comandos subseqüentes com tripulações diferentes (4 outras tripulações foram e ainda são a saga do seriado), James T. Kirk era um líder por excelência que liderou sua equipe rumo ao desconhecido com resultados sustentáveis. O Sucesso de Kirk não foi por acaso. Seu estilo carismático de comando e com alto poder pessoal demonstra um profundo conhecimento de liderança e como manter uma equipe que consegue repetidamente, independentemente dos perigos enfrentados, resultados. Aqui estão cinco das lições de liderança que você pode tirar o capitão Kirk quando você pilota sua própria organização em futuros desconhecidos:

1. Nunca Pare de Aprender

“Você sabe que o maior perigo que enfrentamos somos nós mesmos, um medo irracional do desconhecido. Mas não há uma forma mais genuína de aprendizado do que ter contato com as coisas desconhecidas” (textos entre aspas de Alex Knapp – Revista Forbes).

O Capitão Kirk pode ter uma reputação como um homem das mulheres, mas não deixe que sua fama o engane. A reputação de Kirk na academia (Escola de Formação da Frota Estelar) foi a de um “auto-didata”, nas palavras de seu ex-funcionário primeiro oficial, Gary Mitchell. Foi a paixão pelo aprendizado e pela aventura que o ajudou através de diversas missões. Talvez a melhor demonstração disso seja no episódio “Arena”, onde Kirk é forçado a lutar contra o capitão Gorn em um único combate por seres superiores. Usando seu próprio conhecimento e materiais primitivos, Kirk é capaz de construir uma espingarda rudimentar, que ele usa para derrotar o Gorn. Em outro episódio o capitão Kirk experimenta a separação de sua personalidade em duas partes distintas, uma extremamente compreensiva e permissiva contrapondo-se a outra extremamente pragmática e traiçoeria, fazendo com que ele aprenda a relevência de desenvolver suas competências emocionais de forma a conviver com estas duas partes diferentes e opostas para ser um exímio capitão.

Se você pensar sobre isso, não há necessidade de um capitão do século 23 saber como misturar e preparar a pólvora, mas a ocasião o chamava para isso. Afinal, os oficiais da Frota Estelar lutam com phasers e torpedos de fótons. Para eles, a pólvora é obsoleto. Mas a mesma unidade de conhecimento que levou Kirk para as estrelas também o levou a aprender sobre bits/bites de informação, e valeu a pena, vários anos depois. Da mesma forma, não importa o que sua organização faz, o que vale mesmo é nunca parar de aprender, mesmo que tenha que retornar ao passado. Quanto mais conhecimento você tiver, mais você será criativo. Quanto mais você for capaz de realizar, mais os problemas terão suas soluções. Claro, você nunca terá que enfrentar uma alienígena reptiliano em um planeta deserto, mas nunca se sabe o que o futuro nos reserva. Conhecimento integral e consiliente é a melhor chave para superar quaisquer obstáculos!

2. Tenha conselheiros com diferentes visões do mundo

“Uma das vantagens de ser um capitão, é poder pedir conselhos, sem necessariamente ter que tomá-los como uma ordem.”

Mais próximos de Kirk estão dois conselheiros: o Comandante Spock (um vulcano comprometido com a pura lógica) e Dr. Leonard McCoy (um médico impulsionado pela compaixão e curiosidade científica). Ambos (Spock e McCoy) estão freqüentemente em contradição entre si, recomendando diferentes ações e trazendo diferentes tipos de argumentos e pontos de vista. Kirk, por vezes, vai com um ou outro, ou às vezes leva os seus conselhos como um trampolim para o desenvolvimento de um curso totalmente diferente de ação. No entanto, o fato de Kirk ter os assessores que têm (com visões de mundo totalmente diferentes, não só entre si, mas também em relação a ele mesmo) é uma clara demonstração de confiança que Kirk tem em si mesmo. Líderes fracos cercam-se de homens que dizem SIM a tudo e têm medo de discutir com eles. Promover uma cultura organizacional que impede a criatividade e a inovação deixa os membros da organização com medo de falar. Isso pode deixar a organização incapaz de resolver problemas ou mudar de rumo. Historicamente, isso levou a alguns desastres graves, como Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma.

Organizações que permitem que as diferenças de opinião sejam manifestadas demonstram serem melhores em inovação e em desenvolvimento, pois melhoram a resolução de problemas. Nós todos precisamos de um McCoy e um Spock em nossas vidas e organizações. Nas tripulações seguintes diversos outros personagens fazem o mesmo contraponto com seus capitães (Comandante DATA, um robô cibernético como substituto da lógica de Spock; Conselheira TROI, uma psicóloga sensitiva; Tenente Jadzia Dax, uma Trill que carrega dentro de si um hospedeiro de 300 anos de idade, Curzon Dax, que já havia trabalhado com o Capitão anos atrás, tendo sido seu mestre e melhor amigo; O Doctor EMH (Emergency Medical Program), Médico-Chefe da nave Voyager, como o nome já diz, não é uma pessoa de verdade, mas um programa holográfico de computador; entre outros).

3. Faça parte da Equipe e esteja sempre no front

“Risco é o nosso negócio. Isso é o core-business desta nave. É por isso que estamos a bordo dela.”

Sempre que uma missão interessante ou desafiadora aparece, Kirk estava sempre disposto a se colocar no caminho do perigo e proteger o planeta visitado. Com os “pés no chão”, ele sempre foi capaz de fazer avaliações rápidas da situação, levando-o a resultados superiores. Kirk era muito mais parte da equipe do que líder, estava com sua equipe e participava como eles explorando pessoalmente as situações interessantes e perigosas. Raramente delegava as operações de maior risco e era o primeiro a proteger sua tripulação.

Quando você está em um papel de liderança, às vezes é fácil deixar-se ficar longe das principais missões da equipe. Afinal, com a liderança vem regalias, certo? Você chegar no escritório agradável no piso superior. Você finalmente obter um assistente para ajudá-lo com atividades do dia a dia, e seus dias são preenchidos com reuniões e decisões a serem feitas, e muitas destas coisas são absolutamente necessárias. Mas às vezes é fácil se prender no escritório de canto e esquecer como é a vida nas linhas de frente. Quando você perder essa perspectiva, é muito mais difícil de entender o que sua equipe está fazendo, e a melhor maneira de sair do conforto e colocar a “mão na massa”. Além disso, quando você não está envolvido com sua equipe, é fácil perder a confiabilidade e tê-los reclamando sobre como eles não entendem como é o trabalho.

4. Jogue Poker, não Xadrez

“Não Xadrez, Sr. Spock, vamos jogar Poker. Sabe jogar?”

Em um de meus episódios favoritos (e também do editor da Revista Forbes) de todos os tempos de Star Trek (Série Clássica), Kirk e sua tripulação observa uma embarcação desconhecida de um grupo autodenominado “Primeira Federação”. Diante de tantas ameaças sérias desta embarcação até parece que a destruição da Enterprise é iminente. Kirk pede a Spock para especular sobre as alternativas disponíveis, e este responde metaforicamente que a nave inimiga fez uma jogada típica de um xeque-mate (jogo de xadrez), e que agora não há alternativas senão render-se. Kirk então pensa e pondera que eles não devem estar jogando xadrez…eles devem estar jogando poker! A partir desta nova perspectiva totalmente paradigmática (pelo menos na visão lógica de Spok), Kirk então blefa com a embarcação, dizendo-lhes que sua nave (Enterprise) tem uma substância em seu casco chamado “corbonite” que irá refletir a energia de qualquer arma de volta contra o inimigo. Inicia-se então uma série de ações da tripulação que permitiria, caso não houvesse esta ação ofensiva contra a Enterprise, para que fosse possível estabelecer relações pacíficas com a Federação.

Eu amo xadrez (como também o editor da Revista Forbes), e até o Xadrez Tridimensional (não poderia ser um jogo de xadrez trivial) é um jogo muito praticado entre os membros da tripulação, mas o xadrez é muitas vezes considerado como a única alternativa de metáfora para a aplicação de estratégias de liderança. Para todos os seus meandros, o xadrez é um jogo de regras definidas que podem ser matematicamente determinadas. É basicamente um jogo possível de se jogar com o computador. Uma analogia muito melhor a estratégia é o poker (não somente o xadrez). A vida é um jogo de probabilidades, não de regras definidas. E muitas vezes a compreensão de seus oponentes é uma vantagem muito maior do que as cartas que tem na sua mão. Era do conhecimento de seu adversário, que permitiu Kirk para derrotar Khan no Star Trek II, explorando o pensamento de Khan bidimensionalmente. Blefes e apostas são uma grande parte da vida real estratégica. Trocar a metáfora do Xadrez para o Poker foi uma estratégia de Kirk para uma últica cartada como uma forma de alterar o modo (psicológico) de ver a situação do concorrentes, não apenas alterando as regras e as circunstâncias do jogo, como muitas vezes pode levar a melhores resultados.

5. Blow up da Empresa

“Tudo que eu peço é um nave à altura e uma estrela para guiar por ela.” Você podia sentir o vento em suas costas naqueles dias. Os sons do mar abaixo de você, e mesmo se você tirar o vento e a água ainda é o mesmo. A nave é sua. Você pode senti-la. E as estrelas ainda estão lá, Bones.”

Um tema recorrente na série original de Star Trek é que o primeiro amor de Kirk é realmente a nave Enterprise. Este amor o fez pretrir as tentações do episódio “This Side of Paradise”, onde é sugerido que o seu amor para a nave impeça a formação de quaisquer relacionamentos reais ou em família. Apesar deste amor velado a sua nave Enterprise, chegou a um ponto em Star Trek III: À Procura de Spock, onde o Capitão Kirk tomou uma decisão que deve ter lhe doído enormemente. A fim de derrotar os Klingons, atacá-los e salvar sua tripulação, James Kirk destruiu a Enterprise. A ocasião, no filme, foi tratado com a solenidade de um funeral, que sem dúvida corresponde ao humor de Kirk. O filme termina com a equipe voltando a Vulcano em uma embarcação Klingon roubada, ao invés da Enterprise. Mas eles voltaram vitoriosos. Nas séries seguintes a Enterprise será destruída outras 4 vezes, sempre por uma causa nobre!

Somos muitas vezes, em nossos papéis como líderes, impulsionados por uma paixão. Pode ser um produto ou serviço, pode ser uma maneira de fazer as coisas. Mas não importa o quanto arda a paixão dentro de nós, a realidade é que os tempos mudam. Diferentes produtos são criados. Diferentes maneiras de fazer as coisas se desenvolvem. E haverá momentos em sua vida em que esta paixão não é viável mais. Um momento em que já não faz sentido prosseguir com sua paixão. Quando isso acontece, não importa o quão doloroso seja, você precisa explodir a Enterprise! Ou seja, mudar o que não está funcionando e embarcar em um novo caminho, mesmo que isso signifique ter de viver em uma nave Klingon por algum tempo.

Palavra Final: Em seus muitos anos de serviço para a Federação dos Planetas Unidos (com sede no plantea Terra), James T. Kirk (e diversos outros capitães da demais tripulações: Jean-Luc Picard; Benjamim Sisko e Kathryn Janemway (a primeira capitã mulher da Federação) encarnou várias lições de liderança que podemos usar em nossas próprias vidas como gestores. Precisamos explorar e aprender com sua saga. Precisamos garantir que haja encorajamento para a criatividade e inovação, ouvindo os conselhos de pessoas com opiniões muito diferentes. Precisamos ocasionalmente descer nas trincheiras com os membros de nossas equipes para entender suas necessidades e conquistar sua confiança e lealdade. Precisamos entender a psicologia de nossos concorrentes e também aprender a mudar radicalmente quando as circunstâncias asim o exigirem. Ao seguir essas lições, podemos levar as nossas organizações em lugares onde ninguém tem ido antes. Portanto sugiro: assistam esta série (Jornada nas Estrelas – Star Trek), pois ela simplesmente pode lhe ensinar muitas coisas sobre o estado da arte da gestão.