Na manhã de 22 de junho, durante o Congresso FNQ de Excelência em Gestão (CEG), aconteceu o primeiro painel do evento, sob o tema “Empresas de negócios compartilhados”, que contou com a participação do COO (Chief Operating Officer) da OLX, Per Johansson, do cofundador & Marketing e Novos Negócios do Pegcar, Conrado Ramires, do fundador da Pet Anjo, Thiago Petersen e do diretor da BlaBlaCar, Ricardo Leite, com a moderação de Dora Kaufman.

Todos foram unânimes em afirmar que um negócio compartilhado tem por objetivo conectar pessoas, facilitando o acesso a serviços por meio de plataformas digitais. Para eles, a capilaridade proporcionada pelas redes é um ponto forte em todos os modelos apresentados. Os painelistas afirmaram, ainda, que entre os maiores desafios enfrentados por eles estão a geração valor para o consumidor, a garantia da qualidade da prestação de serviços e a conquista da confiança dos clientes.

Para Dora Kaufman, as empresas que se apresentaram no painel não têm nada de amadorismo. “Para qualquer coisa que façamos, temos de fazer de modo profissional, pensando. Vejo aqui um alto grau de profissionalismo. Todos sabem qual é o seu negócio, quais os riscos, conhecem o mercado. Exemplos de planejamento”, afirmou.

Leia, abaixo, alguns trechos dos debates.

Dora – O que é um negócio compartilhado e quais as características da sua empresa?

BlaBlaCar – nossa empresa conecta pessoas para carona. Priorizamos o acesso em detrimento da posse. Para nós, o que define o compartilhamento é o compartilhamento da conta (valor da viagem) e da experiência em si. Inclusive, o próprio nome BlaBlaCar sugere conversas. Trabalhamos por meio do cadastro do condutor e do passageiro e temos um time de moderação, que considera as avaliações dos usuários e dos condutores para disponibilizar nos perfis públicos.

Pet Anjo – somos um market place de serviço pet. As pessoas entram na plataforma para contratar serviços, compartilhar cuidados. Funciona como uma comunidade, onde todos se conectam, ficam amigos, trocam dicas. Temos um controle de qualidade dos serviços prestados. Pessoas querem estar mais livres, ter mobilidade. Eu posso gostar de cuidar de cachorro, por exemplo, mas não querer fazer tudo. Tem muita gente que quer fazer por você.

Peg Car – somos uma plataforma composta por proprietários de veículos parados e por pessoas que precisam de carro e as quais não necessitam, obrigatoriamente, ser suas donas. Temos cerca de 49 milhões de carros no Brasil. Entendemos que oferecer o acesso a pessoas que estão do outro lado é um nicho colaborativo.

OLX – é uma plataforma para comprar e vender coisas usadas. Ajudamos as pessoas a desapegar das coisas que não usam. De acordo com pesquisa, cada pessoa tem cerca de R$ 1.800 em coisas que não usam mais, que chamamos de itens de felicidade. Nossa maior vantagem competitiva é a eficiência e a rapidez. São 15 milhões de anúncios e uma conversão de 2 milhões de produtos vendidos por mês. Um grande diferencial.

Dora – Quais são os pontos fortes e fracos dos modelos de negócios de cada um? Houve alguma modificação do modelo inicial?

BlaBlaCar – entre os pontos fortes, posso citar que conectamos condutores e passageiros. As impressões de ambos fazem o negócio girar, pois é uma troca de experiências. Outro ponto é o capital baixo para aplicar, economicamente. Ponto fraco: nossa oferta não é perene. Só ofereço quando vou viajar, por exemplo.

Pet Anjo – como ponto forte, destaco a expansão mais rápida do negócio por meio de uma plataforma digital. Desafio: passar imagem de qualidade. Como os cuidadores não são nossos funcionários, é mais complicado. Mudança: como o objetivo sempre foi garantir a qualidade, quem quisesse participar passava por um treinamento e um cadastro muito extenso, demandando muito tempo. Hoje, reduzimos os dois processos, com foco na qualidade de serviço.

Peg Car – ponto forte tem a questão da capilaridade. Fornecemos acesso a inúmeros carros na cidade de São Paulo. Tem um apelo forte de preço em relação ao mercado. Ponto fraco: ainda não vivemos em uma era de desapego. Compartilhar o carro não é trivial e essa é uma barreira enfrentada. Como start up, temos apenas oito meses de mercado e foi muito complicado para fechar negócio com seguradoras. Para mim, a economia compartilhada está engatinhando.

OLX – nosso ponto forte é o fomento ao desapego do que não se usa mais e vendê-lo com preço mais barato do que o mercado. A capilaridade também é um item a nosso favor. Desafio: ter a credibilidade do brasileiro, que é muito desconfiado. O convencimento é o maior desafio.

Dora – Como vocês ganham dinheiro em seus modelos de negócios?

BlaBlaCar – focamos a longo prazo. Temos 500 pessoa na empresa. Cerca de 100 delas são “águias” de fiscalização da plataforma. As avaliações são importantes para o sucesso do negócio. Sobre monetização, estamos em 22 países. Cobramos taxa de reserva de 15% do aluguel para pagamento de despesas administrativas.

Pet Anjo – prezamos que o serviço seja de qualidade. Trouxemos o modelo dos EUA. Monetização: cobramos uma porcentagem da contratação do cliente.

Peg Car – cobramos uma taxa de intermediação de tudo o que passa pela plataforma.

OLX – anunciar e vender é de graça. Cobramos por publicidade/usuários profissionais que querem vender em maior escala (corretoras, lojas de carros) ou se alguém quer mais exposição no anúncio.

Fonte: FNQ – CEG
Site: http://fnq.org.br/informe-se/noticias/ceg-2016-empresas-de-negocios-compartilhados-contam-o-segredo-do-sucesso-na-era-digital